Powered By Blogger

domingo, 8 de maio de 2011

Indisciplina, hipersolicitação e precarização da profissão docente

Caríssimos,

A década 2000-2010 se mostra assustadora para quem está na educação. Todos os dias, nos noticiários, temos assistido à violência de alunos entre si e entre estes e os professores. Além da violência verbal, a violência física adentrou os muros da escolas e tem se constituído num cenário de terror para todos. A escola, que antes era tida como local onde os pais poderiam deixar os filhos em segurança para irem trabalhar, passou a ser cenário de terror. A sociedade está em crise. Crise de valores, crise moral. A escola, instituição valorada, está perdendo sua identidade, e junto a ela, seu poder. Essa perda de valor, tem sido intensificada pela Reforma do Estado cuja descentralização, deixou os sistemas órfãos de provedores, estes passaram a buscar na sociedade civil e nas famílias, fontes de subsistência. A depredação dos prédios escolares, o desvio de recursos da educação, a má formação dos professores, e sua desvalorização, contribuem para que a escola seja um órgão sem normas. Desintitucionalizou-se a escola. Mas a crise vai além, num círculo vicioso. A família desestruturada, delega a responsabilidade para a escola. Esta por sua vez, destituída de seu poder, nada pode fazer quanto à transgressão. Transgressão de valores, normas e regras escolares que deveriam ser obedecidas. Segundo Weber, o Estado seria a instituição que num dado território deteria o monopólio do poder. Não faz mais parte do Estado as escolas? Não mais se aplica nestas as regras e normas? É por isso que vez ou outra, as escolas precisam chamar a polícia ou os conselhos tutelares para dentro de seus muros. É por isso que a indisciplina tomou  a vez nas salas de aula. A pedagogia por vezes, tentou dar a receita para contornar a situação: tornar a sala de aula um espetáculo mais atraente para os alunos. Ora, a escola vem perdendo espaço até nisso. Escola é lugar de aprender e ensinar. Rodeados por tantas solicitações, como preenchimentos de diários, planos de intervenção, projetos, projetos político-pedagógico, momento cívico, além de terem se tornado ilhas orçamentárias, as escolas perdem seu papel principal: o de ensinar. A perda da identidade leva professores e demais educadores à perda da identidade, à hipersolicitação, sobretudo por parte deles próprios. Nunca se viu tanto pedido de licença. Nunca se adoeceu tanto na educação. Ninguém quer ser professor. O governo Federal se vê obrigado a fazer campanha chamando os jovens para os cursos de licenciatura e enquanto isso... aumenta-se a síndrome de Burnout.

Nenhum comentário:

Postar um comentário